PLATÃO. Fédon, In: Diálogos: O Banquete - Fédon - Sofista - Político. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 55-126.
Aula 1 - Fédon
Introdução
- Estiveste, Fédon, ao lado de Sócrates, no dia em que ele bebeu o veneno na prisão? Ou acaso sabes, por outrem, o que lá se passou?
FÉDON
- Lá estive em pessoa, Equécrates.
EQUÉCRATES
- E então, de que coisas falou ele antes de morrer? Qual foi o seu fim? Isso eu gostaria de saber, pois atualmente não há nenhum de meus concidadãos de Flionte que esteja em Atenas, e de lá, faz muito tempo, que não nos vem nenhum estrangeiro capaz de nos dar informações seguras, a não ser que Sócrates morreu após ter bebido o veneno. Mas, quanto ao mais, ninguém nada nos soube relatar.
FÉDON
- Não sabeis, tampouco, nada também a respeito das circunstâncias do seu julgamento?
EQUÉCRATES
- Sim, dele tivemos alguma informação. E uma das coisas, mesmo, que muito nos surpreendeu foi ter ocorrido sua morte muito tempo depois do julgamento. Que houve, Fédon?
FÉDON
- Houve no seu caso, Equécrates, uma coincidência fortuita: a do dia que precedeu ao julgamento com a coroação da popa do navio que os atenienses mandam a Delos.
EQUÉCRATES
- E que navio é este?
FÉDON
- Segundo conta a tradição, é o navio no qual Teseu transportou outrora os sete moços e as sete moças que deviam ser levados para Creta. Ele os salvou e salvou a si mesmo. E assim, como a Cidade houvesse feito a Apolo, segundo se diz, a promessa de enviar todos os anos uma peregrinação a Delos se daquela vez os jovens fossem salvos, desde aquele fato até o presente se continuou a fazer essa peregrinação ao templo do deus. Manda uma lei do país que, a partir do momento em que se começa a tratar da peregrinação e enquanto ela dura, a Cidade não seja maculada por nenhuma execução capital em nome do povo, até a chegada do navio a Delos e sua volta ao porto. Às vezes, quando os ventos são contrários, sucede ser longa a travessia. Além disso, a peregrinação começa no dia em que o sacerdote de Apolo coroa a popa do navio, e aconteceu, como vos disse, que tal fato se realizou no dia que precedeu o julgamento. Foi por esse motivo que Sócrates, entre o julgamento e a morte, teve de passar tanto tempo na prisão.
EQUÉCRATES
- Mas quanto às circunstâncias da própria morte, Fédon? Que foi o que se disse e fez então? Quais de seus discípulos se achavam a seu lado? Os magistrados não lhes permitiram assistir a seu fim, ou este foi, pelo contrário, privado de amizade?
FÉDON
- Não, não. A verdade é que vários o presenciaram, um bom número mesmo.
EQUÉCRATES
- Apressa-te, pois, a contar-nos todas essas coisas com a maior exatidão possível, a menos que algo te impeça.
FÉDON
- Não, realmente nada tenho que fazer no momento, e tratarei de vos dar uma descrição minuciosa. Aliás, nada há para mim que seja tão agradável como recordar-me de Sócrates, seja que eu mesmo fale dele, seja que ouça alguém fazê-lo!
EQUÉCRATES
- Pois, Fédon, encontras em idêntica disposição a todos os que te vão escutar. Portanto, procura ser o mais exato possível e nada esquecer.
Páginas 57-58
Pergunta-se:
Quem é Sócrates?
Por que foi condenado à morte?
Quem foi Teseu?
Qual a relação entre Teseu e Sócrates?
Por que a sentença contra Sócrates demorou a ser executada?
Por que ele tinha discípulos?
Professor, não estou conseguindo interpretar as perguntas que mandou no blog da escola.
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